A Moléstia das vinhas (conclusão)
Dublin Core
Título
A Moléstia das vinhas (conclusão)
Criador
Conde de Samudães
Fonte
O Incentivo, p. 1
Data
02-05-1857
Colaborador
Ana Isabel Queiroz
Text Item Type Metadata
Text
Apesar da confiança imensa que temos de que o mal da vinha há-de ter um termo muito próximo, mesmo até porque o período provávell da moléstia está prestes a volver, máximo para os terrenos primordialmente invadidos nem por isso deixaríamos de aconselhar que se fossem ensaiando algumas – novas culturas, que talvez se aclimatassem muito bem. É certo que em geral o terreno é mau para qualquer cultura que não seja à vinícola, mas nem por isso se devem deixar de aproveitar as localidades que forem favorecidas. No baixo Corgo muitos dos terrenos que hoje são vinhas ainda não há muitos anos que eram terrenos de pão, soutos e castanheiros. Outros que foram logo desbravados para plantar baceladas poderão também produzir a oliveira, a amoreira, a amendoeira e o algodoeiro. Este, sobretudo tem terrenos tão quentes para poder cultivar-se, que é provável que viesse a propagar-se. A amendoeira é também uma árvore de muito interesse, e que se dá em terras fracas; nós a vemos em toda a força de produção nas margens alcantiladas do Douro, a Leste do país propriamente vinhateiro.
Não concluiremos este artigo sem bradarmos bem alto os habitantes do país vinhateiro do Douro para que tenham coragem no meio do desbarato da sua fortuna que contemplam; que se não entreguem ao desespero que por palavras e por factos se vão desviando; e ao Governo pediremos que lance vistas de compaixão sobre aquele país, outrora o mais rico de Portugal, e hoje o mais desgraçado – ele tem direito a socorros extraordinários, sem os quais será difícil conservar-se aquele germen da riqueza pública. Que o espectro cadavérico do país vinhateiro do Douro seja a efialta, que oprima os sonhos de quantos intervêm nos destinos da pátria, até que ele seja aliviado da sua miséria, tanto quanto couber na possibilidade humana, única cousa que se pode exigir, e que nós aqui reclamamos.
Não concluiremos este artigo sem bradarmos bem alto os habitantes do país vinhateiro do Douro para que tenham coragem no meio do desbarato da sua fortuna que contemplam; que se não entreguem ao desespero que por palavras e por factos se vão desviando; e ao Governo pediremos que lance vistas de compaixão sobre aquele país, outrora o mais rico de Portugal, e hoje o mais desgraçado – ele tem direito a socorros extraordinários, sem os quais será difícil conservar-se aquele germen da riqueza pública. Que o espectro cadavérico do país vinhateiro do Douro seja a efialta, que oprima os sonhos de quantos intervêm nos destinos da pátria, até que ele seja aliviado da sua miséria, tanto quanto couber na possibilidade humana, única cousa que se pode exigir, e que nós aqui reclamamos.
Ficheiros
Colecção
Citação
Conde de Samudães, “A Moléstia das vinhas (conclusão)”. In O Incentivo, p. 1 , 02-05-1857. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/17.