BOTRYTIS-CINEREA
Dublin Core
Título
BOTRYTIS-CINEREA
Criador
António Batalha Reis
Fonte
Nove de Julho, Nº 918, Ano XV, p. 3.
Data
06-06-1900
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
A doença das vinhas que este ano tem causado mais impressão nos viticultores pela sua novidade entre nós, tem sido, como sabem a Botrytis-Cinerea.
Este mal, porém, tem duas formas distintas e passa reciprocamente de uma para a outra. É conhecido pela designação de Botrys-Cinerea de Person e também pela Sclereotínia Fuckeliana de Bary e ainda por podridão cinzenta e podridão nobre.
Um das formas a que acima aludo é chamada Aschofera e destrói os órgãos da cepa que invade. A entrada tem a forma conidial e melhora tanto a qualidade do vinho derivado que lhe deram o pomposo nome de Podridão Nobre.
A que agora nos ocupa apresenta-se sob a forma Aschofera e atua e opera nas vinhas como um simples parasita, desorganizando a matéria orgânica viva. […]
A Botrylis-Cinerea é um bolor de cor cinzenta esverdeada que cobre os cachos nas vindimas húmidas da tarde e ao qual os vindimadores de todos os países, tanto os nossos como os estrangeiros, dão um grande apreço.
A causa da melhoria que esse bolor imprime nos vinhos derivados de uvas que ele ataca é deriva, segundo H. Muller Thurgano ao seguinte: o micélio do bolo desagrega-se; a epiderme do bago a introduzir-se nele e este dessegregamento da pele favorece e ativa a evaporação, que pela sua parte facilita naturalmente a perda da água de vegetação e consequentemente a maior concentração do suco. Além disso, absorve este cogumelo de preferência aos ácidos do bago e só rouba uma insignificante porção de açúcar.
Deste modo é aumentada a riqueza sacarina dos mostos, não só pelo desaparecimento dos ácidos, como ainda pela proporção exagerada em que fica o açúcar, com relação ao volume do suco, diminuindo de parte da sua água pela evaporação que sofreu.
E conjuntamente com esses benefícios, torna o Botrylis-Cinerea insolúvel uma parte da matéria azotada solúvel e livra assim o vinho de ruins companhias para o futuro, embora demore mais o seu fabrico por ser menos ativa e forte a fermentação.
Mas estas vantagens que o mal prodigaliza na vindima sobre os cachos são contrários agora, nesta quadra, na invasão que se tem manifestado nas varas, folhas e gamitos.
No entanto não este mal dos mais funestos por piores que sejam as condições em que ele se dê, visto que dura um limitado período, e só aparece neste tempo em anos muito excepcionais.
Convém, ainda assim, aplicar-lhe os tratamentos cúpricos desde já e dar a estes tratamentos numa dose de sulfato de cobre muito superior à que é costume empregar contra o míldio. Esta é a opinião de M. M. Foex e Ravaz.
Este mal, porém, tem duas formas distintas e passa reciprocamente de uma para a outra. É conhecido pela designação de Botrys-Cinerea de Person e também pela Sclereotínia Fuckeliana de Bary e ainda por podridão cinzenta e podridão nobre.
Um das formas a que acima aludo é chamada Aschofera e destrói os órgãos da cepa que invade. A entrada tem a forma conidial e melhora tanto a qualidade do vinho derivado que lhe deram o pomposo nome de Podridão Nobre.
A que agora nos ocupa apresenta-se sob a forma Aschofera e atua e opera nas vinhas como um simples parasita, desorganizando a matéria orgânica viva. […]
A Botrylis-Cinerea é um bolor de cor cinzenta esverdeada que cobre os cachos nas vindimas húmidas da tarde e ao qual os vindimadores de todos os países, tanto os nossos como os estrangeiros, dão um grande apreço.
A causa da melhoria que esse bolor imprime nos vinhos derivados de uvas que ele ataca é deriva, segundo H. Muller Thurgano ao seguinte: o micélio do bolo desagrega-se; a epiderme do bago a introduzir-se nele e este dessegregamento da pele favorece e ativa a evaporação, que pela sua parte facilita naturalmente a perda da água de vegetação e consequentemente a maior concentração do suco. Além disso, absorve este cogumelo de preferência aos ácidos do bago e só rouba uma insignificante porção de açúcar.
Deste modo é aumentada a riqueza sacarina dos mostos, não só pelo desaparecimento dos ácidos, como ainda pela proporção exagerada em que fica o açúcar, com relação ao volume do suco, diminuindo de parte da sua água pela evaporação que sofreu.
E conjuntamente com esses benefícios, torna o Botrylis-Cinerea insolúvel uma parte da matéria azotada solúvel e livra assim o vinho de ruins companhias para o futuro, embora demore mais o seu fabrico por ser menos ativa e forte a fermentação.
Mas estas vantagens que o mal prodigaliza na vindima sobre os cachos são contrários agora, nesta quadra, na invasão que se tem manifestado nas varas, folhas e gamitos.
No entanto não este mal dos mais funestos por piores que sejam as condições em que ele se dê, visto que dura um limitado período, e só aparece neste tempo em anos muito excepcionais.
Convém, ainda assim, aplicar-lhe os tratamentos cúpricos desde já e dar a estes tratamentos numa dose de sulfato de cobre muito superior à que é costume empregar contra o míldio. Esta é a opinião de M. M. Foex e Ravaz.
Ficheiros
Colecção
Citação
António Batalha Reis, “BOTRYTIS-CINEREA”. In Nove de Julho, Nº 918, Ano XV, p. 3., 06-06-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/284.