REMÉDIO CONTRA A FILOXERA
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Título
REMÉDIO CONTRA A FILOXERA
Criador
S/ autor
Fonte
O Jornal de Cantanhede, n.º 58, pág. 1, col. 4, pág. 2, col. 1
Data
26-07-1890
Colaborador
Pedro Barros
Text Item Type Metadata
Text
Um nosso muito dedicado e prezadíssimo amigo enviou-nos para ser publicado no Jornal de Cantanhede, e com o título que em cima este artigo, o seguinte: «Sabemos que um abastado e ilustrado proprietário de S. João do Campo, o Sr. João Pedro Cortezão, principiou, há 3 anos, a empregar o cloreto de sódio (sal comum) contra a filoxera; e os resultados foram tais que, de então para cá, o tem empregado em maior escala. Pessoas que viram as suas vinhas atacadas, e agora as admiram regeneradas, atestam a sua eficácia do tratamento que, feito ao princípio a ocultas e em segredo, já é conhecido de muitos. O processo consiste pouco mais ou menos no seguinte: — antes das cavas das vinhas faz-se uma boa descava às cepas, (que não estiverem de todo perdidas) e deita-se-lhes em volta meio litro de sal. Com a cava fica depois o sal enterrado, se antes disso ainda não tiver sido dissolvido pelas chuvas. Antes da arrenda convém fazer nova aplicação e pelo mesmo modo. Aquele Sr. tem mesmo replantado, nos terrenos filoxerados, bacelo português espalhando previamente na terra boa quantidade de sal; e deste modo vê desenvolvê-lo livremente com força. Os estrumes são sempre um auxiliar poderoso deste tratamento.
Publicando gostosamente a notícia, que o nosso esclarecido amigo nos enviou no dia 23 do corrente, temos a notar a seguinte singular coincidência. Já em 1864, o editor deste jornal, que naquela época era correspondente particular do Campeão das Províncias, escreveu em data de 17 de Julho do referido ano, e foi publicado no n.º 1255 do aludido jornal de 23 do mesmo mês (atrás ante ontem fez 26 anos) o seguinte contra o oídio: «Acho convenientíssimo dar-se publicidade á importantíssima notícia, que se segue, pelos lucros que dela podem resultar aos nossos proprietários vinhateiros da Bairrada e Douro. Em fins do ano passado os jornais do país extractaram do estrangeiro uma receita própria a combater o terrível mal das vinhas: consistia ela em fazer um pequeno buraco na terra junto ao pé da cepa (isto feito nos meies de Novembro ou Dezembro) e meter nele meio kg de sal comum puro. Tratei de ligar alguma consideração a ela; e passei à análise insuflando na terra junto ao pé de cada cepa a porção de sal indicado. As duas videiras em forma de parreira, latada ou ramada (nome que por aí e por aqui se dá às cepas muito levantadas, e estendidas sobre paus, etc.) únicas em que reproduzi a experiência do estrangeiro (por me dizerem que as substâncias salinas ao pé do tronco de qualquer árvore ou planta as seca) são uma ferral, outra pé-d 'ouro, cujos bagos nos anos anteriores por este tempo e de há muito, se achavam afectados de oídio e rachados, não me utilizando depois de um só. Este ano apresentam-se muito brilhantes, com cor natural, e só apenas um cacho se vê levemente empoado, empoado quase imperceptível, que ainda mesmo assim atribuo a estar o pé da cepa plantado em sítio em que o sal se não tem consumido de todo.»
Note-se aqui a diferença que naquele tempo o cloreto de sódio já era empregado como antídoto contra o oídio; hoje, pela experiência do Sr. P. Cortezão, e segundo nos informa o nosso amigo, e aplicado com eficácia para combater a filoxera.
Publicando gostosamente a notícia, que o nosso esclarecido amigo nos enviou no dia 23 do corrente, temos a notar a seguinte singular coincidência. Já em 1864, o editor deste jornal, que naquela época era correspondente particular do Campeão das Províncias, escreveu em data de 17 de Julho do referido ano, e foi publicado no n.º 1255 do aludido jornal de 23 do mesmo mês (atrás ante ontem fez 26 anos) o seguinte contra o oídio: «Acho convenientíssimo dar-se publicidade á importantíssima notícia, que se segue, pelos lucros que dela podem resultar aos nossos proprietários vinhateiros da Bairrada e Douro. Em fins do ano passado os jornais do país extractaram do estrangeiro uma receita própria a combater o terrível mal das vinhas: consistia ela em fazer um pequeno buraco na terra junto ao pé da cepa (isto feito nos meies de Novembro ou Dezembro) e meter nele meio kg de sal comum puro. Tratei de ligar alguma consideração a ela; e passei à análise insuflando na terra junto ao pé de cada cepa a porção de sal indicado. As duas videiras em forma de parreira, latada ou ramada (nome que por aí e por aqui se dá às cepas muito levantadas, e estendidas sobre paus, etc.) únicas em que reproduzi a experiência do estrangeiro (por me dizerem que as substâncias salinas ao pé do tronco de qualquer árvore ou planta as seca) são uma ferral, outra pé-d 'ouro, cujos bagos nos anos anteriores por este tempo e de há muito, se achavam afectados de oídio e rachados, não me utilizando depois de um só. Este ano apresentam-se muito brilhantes, com cor natural, e só apenas um cacho se vê levemente empoado, empoado quase imperceptível, que ainda mesmo assim atribuo a estar o pé da cepa plantado em sítio em que o sal se não tem consumido de todo.»
Note-se aqui a diferença que naquele tempo o cloreto de sódio já era empregado como antídoto contra o oídio; hoje, pela experiência do Sr. P. Cortezão, e segundo nos informa o nosso amigo, e aplicado com eficácia para combater a filoxera.
Ficheiros
Colecção
Citação
S/ autor, “REMÉDIO CONTRA A FILOXERA”. In O Jornal de Cantanhede, n.º 58, pág. 1, col. 4, pág. 2, col. 1 , 26-07-1890 . Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 27 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/306.