SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas (Continuado do nº 41)
Dublin Core
Título
SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas (Continuado do nº 41)
A doença das batatas (Continuado do nº 41)
Criador
Arnaldo Coelho
Fonte
Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 42, p. 2.
Data
27-03-1900
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Em pouco tempo o movimento para e estes zoósporos desenvolvem à sua vez um tubo miceliano.
Quer a germinação dos esporos se faça diretamente ou por intermédio dos zoósporos, os gérmenes produzidos penetram no tecido da planta e aí se desenvolvem em um micélio ramificado, formando-se manchas nos pontos de penetração, primeiro de cor clara, depois de cor escura.
Pelo contrário, os gérmenes morrem cedo, se os esporos caírem sobre um corpo inerte ou sobre uma planta que lhes não pode nutrir o micélio, e a tal respeito é curioso que vegetais vizinhos da batata, e certos das suas variedades, resistam relativamente bem à doença ou mesmo não se deixem invadir por ela; encontram-se além disso nas vinhas exemplos análogos de insensibilidade em diversos graus, relativamente ao «Míldio».
Os esporos caídos do solo podem ser levados pelas chuvas a uma profundidade superior a um decímetro, chegando assim aos tubérculos onde desenvolvem o micélio. Este facto mostra como os tubérculos podem ser invadidos e explica ainda como certos dentre eles, quási à superfície da terra, são poupados por se não encontrarem no trajeto dos esporos.
Possui-se a demonstração direta de que a doença pode ser comunicada assim das folhas aos tubérculos, e verificou-se igualmente pela experiencia que as folhas sãs tornam-se doentes, quando se lhes faz germinar à superfície sporos recolhidos sobre órgãos atacados.
De há muito que não resta a menor dúvida a tal respeito; o cogumelo de que agora conhecemos os traços gerais é a causa da alteração das folhas e dos tubérculos. Designado sob muitos nomes, e colocando o primeiro no género Peronospora com o nome significativo de infestans, este cogumelo, próximo parente do míldio, com o qual reconhecemos analogias de ação, difere dele pela forma do aparelho frutífero e a ausência ou pouco desenvolvimento dos sugadores. De Bary chamou-lhe Phytophithora infestans.
Nem sempre se admitiu uma íntima relação entre este parasita e a doença das batatas, que se atribuiu a uma multidão de outras causas diversas por exemplo a uma degenerescência da planta.
Esta planta, diziam, transportada do seu país, enfraqueceu-se, é preciso renová-la, importar da América tubérculos sãos e vigorosos. Ora na própria América, a doença exerce as suas assolações, e plantações feitas entre nós em terrenos virgens, com tubérculos provenientes de certos distritos daqueles país e isentos da doença, foram contudo inválidos. Além disto, variedades obtidas de sementeira também foram atacadas.
Os insetos foram também por sua vez acusados, e sem razão alguma, por isso faltam muitas vezes quando a doença começa. A doença desenvolve-se em terras pobres de fosfatos, e a hipótese que a atribuía a um excesso daquele corpo desparece portanto por completo.
(Continua)
Quer a germinação dos esporos se faça diretamente ou por intermédio dos zoósporos, os gérmenes produzidos penetram no tecido da planta e aí se desenvolvem em um micélio ramificado, formando-se manchas nos pontos de penetração, primeiro de cor clara, depois de cor escura.
Pelo contrário, os gérmenes morrem cedo, se os esporos caírem sobre um corpo inerte ou sobre uma planta que lhes não pode nutrir o micélio, e a tal respeito é curioso que vegetais vizinhos da batata, e certos das suas variedades, resistam relativamente bem à doença ou mesmo não se deixem invadir por ela; encontram-se além disso nas vinhas exemplos análogos de insensibilidade em diversos graus, relativamente ao «Míldio».
Os esporos caídos do solo podem ser levados pelas chuvas a uma profundidade superior a um decímetro, chegando assim aos tubérculos onde desenvolvem o micélio. Este facto mostra como os tubérculos podem ser invadidos e explica ainda como certos dentre eles, quási à superfície da terra, são poupados por se não encontrarem no trajeto dos esporos.
Possui-se a demonstração direta de que a doença pode ser comunicada assim das folhas aos tubérculos, e verificou-se igualmente pela experiencia que as folhas sãs tornam-se doentes, quando se lhes faz germinar à superfície sporos recolhidos sobre órgãos atacados.
De há muito que não resta a menor dúvida a tal respeito; o cogumelo de que agora conhecemos os traços gerais é a causa da alteração das folhas e dos tubérculos. Designado sob muitos nomes, e colocando o primeiro no género Peronospora com o nome significativo de infestans, este cogumelo, próximo parente do míldio, com o qual reconhecemos analogias de ação, difere dele pela forma do aparelho frutífero e a ausência ou pouco desenvolvimento dos sugadores. De Bary chamou-lhe Phytophithora infestans.
Nem sempre se admitiu uma íntima relação entre este parasita e a doença das batatas, que se atribuiu a uma multidão de outras causas diversas por exemplo a uma degenerescência da planta.
Esta planta, diziam, transportada do seu país, enfraqueceu-se, é preciso renová-la, importar da América tubérculos sãos e vigorosos. Ora na própria América, a doença exerce as suas assolações, e plantações feitas entre nós em terrenos virgens, com tubérculos provenientes de certos distritos daqueles país e isentos da doença, foram contudo inválidos. Além disto, variedades obtidas de sementeira também foram atacadas.
Os insetos foram também por sua vez acusados, e sem razão alguma, por isso faltam muitas vezes quando a doença começa. A doença desenvolve-se em terras pobres de fosfatos, e a hipótese que a atribuía a um excesso daquele corpo desparece portanto por completo.
(Continua)
Ficheiros
Colecção
Citação
Arnaldo Coelho, “SECÇÃO AGRÍCOLA
A doença das batatas (Continuado do nº 41)
”. In Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 42, p. 2., 27-03-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/552.
A doença das batatas (Continuado do nº 41)
”. In Jornal de Penafiel, 14º Ano, nº 42, p. 2., 27-03-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/552.