SECÇÃO AGRÍCOLA
Um inimigo das maçãs
Dublin Core
Título
SECÇÃO AGRÍCOLA
Um inimigo das maçãs
Um inimigo das maçãs
Criador
Eduardo Sequeira
Fonte
Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 27, pp. 1-2.
Data
01-02-1901
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Foi o ano que passou um ano falho de frutos de pevide e, em especial, de maçã. As poucas que houve tinham todas bicha, o que muito concorreu para a pequena duração do fruto.
Esta bicha não é mais que a lagarta de uma pequena borboleta a Carpocapsa pomonella que, pelos estragos que causa nos frutos, que invade, apressa-lhes a maturação e o apodrecimento.
Desta lagarta saem um junho uma borboleta muito pequena, cujas asas superiores são de um pardo acinzentado, com estrias transversais mais escuras; no anglo interno têm uma mancha semi-lunar, de um pardo avermelhado, cercada de uma lista vermelho dourado. As asas inferiores são negras.
No fim de junho a fêmea, depois de fecundada depõe um ovo sai uma pequeníssima lagarta, que penetra, pouco a pouco, no fruto, até chegar ao interior, onde se estabelece junto das divisões que encerram as sementes. […] Os frutos atacados por esta lagarta continuam a crescer apesar do parasita que lhes devora as entranhas; este desenvolvimento porém, é pouco vigoroso e o amadurecimento precoce.
O que há mais curioso nos costumes deste insecto é que, há medida que os horticultores aperfeiçoam as variedades das maçãs, a Pomonella escolhe de preferência sempre as melhores e as suculentas, sendo rara nas variedades ordinárias, e raríssima na excessivamente ácidas e só destinadas ao fabrico de cidra.
Quando a larva atinge todo o seu completo desenvolvimento, o que acontece de julho a setembro, o fruto cai; então a larva sabe dele e esconde-se no solo, sob as folhas caídas, entre o terriço, tecendo um pequeno casulo sedoso, onde passa o inverno ao abrigo da chuva e do frio.
Na primavera seguinte transforma-se em crisálida, e em borboleta em junho e julho.
O melhor meio de destruir este inseto nocivo consiste em apanhar as maçãs logo que caem e esmaga-las com as larvas que encerram. Assim matam-se muitas lagartas e, por conseguinte, evita-se o nascimento de muitas borboletas na primavera seguinte. Mas isto era preciso que fosse feito por todos os agricultores sem exceção, visto que aquele, que descuidar o assunto, não só estraga a colheita de maçã, mas prejudica a do vizinho.
No inverno raspam-se os troncos das macieiras arrancando-lhes todo o musgo e líquenes que os cobrem, e raspando-se o solo à volta das árvores, queimando-se tudo com cuidado.
Fazendo assim, não só os frutos ficam livres da bicha, mas também as árvores se apresentam mais vigorosas e produzindo mais abundantemente.
(«Gazeta das Aldeias»)
Esta bicha não é mais que a lagarta de uma pequena borboleta a Carpocapsa pomonella que, pelos estragos que causa nos frutos, que invade, apressa-lhes a maturação e o apodrecimento.
Desta lagarta saem um junho uma borboleta muito pequena, cujas asas superiores são de um pardo acinzentado, com estrias transversais mais escuras; no anglo interno têm uma mancha semi-lunar, de um pardo avermelhado, cercada de uma lista vermelho dourado. As asas inferiores são negras.
No fim de junho a fêmea, depois de fecundada depõe um ovo sai uma pequeníssima lagarta, que penetra, pouco a pouco, no fruto, até chegar ao interior, onde se estabelece junto das divisões que encerram as sementes. […] Os frutos atacados por esta lagarta continuam a crescer apesar do parasita que lhes devora as entranhas; este desenvolvimento porém, é pouco vigoroso e o amadurecimento precoce.
O que há mais curioso nos costumes deste insecto é que, há medida que os horticultores aperfeiçoam as variedades das maçãs, a Pomonella escolhe de preferência sempre as melhores e as suculentas, sendo rara nas variedades ordinárias, e raríssima na excessivamente ácidas e só destinadas ao fabrico de cidra.
Quando a larva atinge todo o seu completo desenvolvimento, o que acontece de julho a setembro, o fruto cai; então a larva sabe dele e esconde-se no solo, sob as folhas caídas, entre o terriço, tecendo um pequeno casulo sedoso, onde passa o inverno ao abrigo da chuva e do frio.
Na primavera seguinte transforma-se em crisálida, e em borboleta em junho e julho.
O melhor meio de destruir este inseto nocivo consiste em apanhar as maçãs logo que caem e esmaga-las com as larvas que encerram. Assim matam-se muitas lagartas e, por conseguinte, evita-se o nascimento de muitas borboletas na primavera seguinte. Mas isto era preciso que fosse feito por todos os agricultores sem exceção, visto que aquele, que descuidar o assunto, não só estraga a colheita de maçã, mas prejudica a do vizinho.
No inverno raspam-se os troncos das macieiras arrancando-lhes todo o musgo e líquenes que os cobrem, e raspando-se o solo à volta das árvores, queimando-se tudo com cuidado.
Fazendo assim, não só os frutos ficam livres da bicha, mas também as árvores se apresentam mais vigorosas e produzindo mais abundantemente.
(«Gazeta das Aldeias»)
Ficheiros
Colecção
Citação
Eduardo Sequeira, “SECÇÃO AGRÍCOLA
Um inimigo das maçãs
”. In Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 27, pp. 1-2., 01-02-1901. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/583.
Um inimigo das maçãs
”. In Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 27, pp. 1-2., 01-02-1901. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/583.