SECÇÃO AGRÍCOLA
A nova moléstia das oliveiras
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Título
SECÇÃO AGRÍCOLA
A nova moléstia das oliveiras
A nova moléstia das oliveiras
Criador
S/autor
Fonte
Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 32, pp. 1-2.
Data
19-02-1901
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Este momentíssimo assunto que continua passando quási despercebido à maioria dos mais diretamente nele interessados, que são por certo todos quantos colhem azeite, porque ainda não chegaram a compenetrar-se da gravidade do mal, preocupa, todavia, alguns dos homens do nosso país, pelo seu saber se encontram ocupando o primeiro lugar entre os sábios portugueses […] não nos achamos, pois, mal acompanhados e longe estávamos de julgar que ao denunciar a aparição, em Murça, do Baciulus oleoe, em agosto do ano findo, cuja existência até ali não ter havido sido assinalada em Portugal, apesar de poder ter seculos de existência, dois homens que todos respeitam e acatam, tao pronta e entusiasticamente viesse a colaborar na obra na obra que iniciávamos, como simples lavrador que via os seus haveres em risco.
Elucidar, quanto é possível, assunto é que convém e, portanto, não nos furtemos ao prazer de transcrever para aqui da «Agricultura Contemporânea» o instrutivo artigo do sr. Veríssimo de Almeida […] Ouçamos, portanto, o preclaro professor:
Recebi novos exemplares das oliveiras de Murça atacadas pelo Bacillus oleoe. São realmente admiráveis pelas manifestações reveladoras duma invasão excecional, mas doença é incontestavelmente idêntica à tuberculose da oliveira já observada em olivais de Castendo, em outro de que conservo um exemplar, mas sem indicação da origem, em umas oliveiras que existem em terrenos pertencentes ao Instituto, não falando em exemplares anteriormente observados, e que há muito tinham evidenciado que em Portugal nada tem de recente a doenças das oliveiras originada pelo Bacillus oleoe.
O sr. Duarte de Oliveira publicou no «Comércio do Porto» o relatório oficial do dr. Câmara Pestana encarregado pelo governo de ir a Murça estudar a doença das oliveiras.
O ilustre agrónomo identificou com o Bacillus oleoe a bacteriana que encontrou nos tumores das oliveiras em Murça mas observa que estes tumores diferem daqueles outros «tumores do tamanho variável que são devidos, pelo menos em grande parte, à ação dos insetos e aos ferimentos produzidos pelas varas empregues na apanha da azeitona». Evidentemente pois se as causas são diferentes… […]
É este o ponto essencial; a doença dos olivais de Murça evidenciou-se com tal gravidade, conforme afirmam os srs. Duarte de Oliveira e Câmara Pestana, que de perto a observaram, que havia toda a necessidade de verificar se o país olivícola estava ameaçado de nova doença bacteridica ou se apenas se tinha que registar nova região invadida pela tuberculose e portanto novos fôlegos de disseminação.
O Bacillus é o mesmo; a sua caracterização idêntica nas culturas feitas com bacteriáceas colhidas em exemplares de Murça, de Castendo e de Lisboa permite esta afirmação; e pena é que não tenham neste momento exemplares recentes de outras proveniências para poder generalizar-se a afirmação, fundamentada nas experiencias feitas no laboratório de bacteriologia do nosso Instituto de Agronomia e Veterinária […]
Haverá nas oliveiras de Murça introdutores mais ativos e numerosos que possam explicar a maior intensidade da invasão? A resposta não é fácil.
Nas oliveiras, é sabido que há uma cochonilha comuníssima e tanto que rara será a árvore desta espécie que a não contenha: é o Lecanium oleoe.[…] A ferrugem negra acompanha habitualmente as cochonilhas, e la se encontrava clara a manifestação nas pontuações negras irregulares, nas ligeiras manchas da mesma cor, difusas e indefinidas, que dão aos órgãos aquele aspeto de ramos em que depositou ligeira fuligem ou carvão muito divido do fumo das combustões ordinárias.
É tao variada nas manifestações e de tao difícil caracterização a ferrugem, que o seu estudo, destas e de outras ferrugens das árvores, estão ainda no período das incertezas na determinação específica das principais formas.
(Continua)
(«Jornal Hortícolo-Agrícola»)
Elucidar, quanto é possível, assunto é que convém e, portanto, não nos furtemos ao prazer de transcrever para aqui da «Agricultura Contemporânea» o instrutivo artigo do sr. Veríssimo de Almeida […] Ouçamos, portanto, o preclaro professor:
Recebi novos exemplares das oliveiras de Murça atacadas pelo Bacillus oleoe. São realmente admiráveis pelas manifestações reveladoras duma invasão excecional, mas doença é incontestavelmente idêntica à tuberculose da oliveira já observada em olivais de Castendo, em outro de que conservo um exemplar, mas sem indicação da origem, em umas oliveiras que existem em terrenos pertencentes ao Instituto, não falando em exemplares anteriormente observados, e que há muito tinham evidenciado que em Portugal nada tem de recente a doenças das oliveiras originada pelo Bacillus oleoe.
O sr. Duarte de Oliveira publicou no «Comércio do Porto» o relatório oficial do dr. Câmara Pestana encarregado pelo governo de ir a Murça estudar a doença das oliveiras.
O ilustre agrónomo identificou com o Bacillus oleoe a bacteriana que encontrou nos tumores das oliveiras em Murça mas observa que estes tumores diferem daqueles outros «tumores do tamanho variável que são devidos, pelo menos em grande parte, à ação dos insetos e aos ferimentos produzidos pelas varas empregues na apanha da azeitona». Evidentemente pois se as causas são diferentes… […]
É este o ponto essencial; a doença dos olivais de Murça evidenciou-se com tal gravidade, conforme afirmam os srs. Duarte de Oliveira e Câmara Pestana, que de perto a observaram, que havia toda a necessidade de verificar se o país olivícola estava ameaçado de nova doença bacteridica ou se apenas se tinha que registar nova região invadida pela tuberculose e portanto novos fôlegos de disseminação.
O Bacillus é o mesmo; a sua caracterização idêntica nas culturas feitas com bacteriáceas colhidas em exemplares de Murça, de Castendo e de Lisboa permite esta afirmação; e pena é que não tenham neste momento exemplares recentes de outras proveniências para poder generalizar-se a afirmação, fundamentada nas experiencias feitas no laboratório de bacteriologia do nosso Instituto de Agronomia e Veterinária […]
Haverá nas oliveiras de Murça introdutores mais ativos e numerosos que possam explicar a maior intensidade da invasão? A resposta não é fácil.
Nas oliveiras, é sabido que há uma cochonilha comuníssima e tanto que rara será a árvore desta espécie que a não contenha: é o Lecanium oleoe.[…] A ferrugem negra acompanha habitualmente as cochonilhas, e la se encontrava clara a manifestação nas pontuações negras irregulares, nas ligeiras manchas da mesma cor, difusas e indefinidas, que dão aos órgãos aquele aspeto de ramos em que depositou ligeira fuligem ou carvão muito divido do fumo das combustões ordinárias.
É tao variada nas manifestações e de tao difícil caracterização a ferrugem, que o seu estudo, destas e de outras ferrugens das árvores, estão ainda no período das incertezas na determinação específica das principais formas.
(Continua)
(«Jornal Hortícolo-Agrícola»)
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Citação
S/autor, “SECÇÃO AGRÍCOLA
A nova moléstia das oliveiras
”. In Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 32, pp. 1-2., 19-02-1901. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/584.
A nova moléstia das oliveiras
”. In Jornal de Penafiel, 15º Ano, nº 32, pp. 1-2., 19-02-1901. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 30 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/584.