Agricultura

Agricultura

S/autor

O Manuelinho de Évora, Ano III, nº 111, p. 1.

06-03-1883

Leonardo Aboim Pires

Passa, com razão, por axiomático que a terra será sempre o elemento por excelência da fortuna pública, que é ela a base do edifício económico de qualquer país, e que, portanto, os estados prosperam com a fortuna da agricultura, assim como decaem se esta se arruína.

[…]

A cultura da vinha é uma das mais importantes de Portugal, o vinho é uma das glórias nacionais. Nada mais natural portanto que de um a outro extremo do país, tanto o agricultor como o que o não é, se preocupem fortemente com a invasão crescente dos vários flagelos que estão acometendo aquela, maiormente o filoxera. No momento presente, existe uma profunda desanimação entre os agricultores, cujas zonas vinhateiras têm sido invadidas pelo voraz afídio! Todos se julgam arruinados ou antes que o vão ser. Lembra-nos o que sucedeu nos primeiros naos da invasão do oídio: a desanimação é a mesma, a situação dos espíritos é idêntica. Idêntica, presumimos nós, à que sucedeu aquela quando desapareceu o primeiro pânico, será a de um futuro próximo, quando os ânimos colherem mais sangue rio, e conceberem a necessidade inadiável de fazer frente ao inimigo.

À imprensa compete a rigorosa missão de levar os desanimados a cobrar coragem, de provocar e manter uma agitação que promova o despertar das esperanças e incite à continuação das plantações em larga escala.

A tal respeito, cada vez mais admiramos a enorme vitalidade, a extraordinária energia, de que o povo italiano, suíço e francês tem dado provas, nos últimos tempos na luta com o filoxera.

(Ciência para todos)

(Continua)