O devorista das laranjeiras no Faial
Dublin Core
Título
O devorista das laranjeiras no Faial
Criador
s/ autor
Fonte
O Angrense, nº 345, p. 2
Data
18-05-1843
Colaborador
Leonardo Aboim Pires
Text Item Type Metadata
Text
Há mais de um ano tínhamos ouvido falar de um inseto desconhecido, o qual ia destruindo as laranjeiras na ilha do Faial; porém nunca pudemos encontrar uma pessoa inteligente que nos desse uma ideia do tal bichinho. […]
O sr. Dabney, cônsul americano, tão digno de respeito pela sua filantropia, como pela solicitude que tem sempre patenteado em introduzir árvores e plantas exóticas, com que tanto tem enriquecido os pomares e jardins dos Açores, dizem-nos que recebera da América do Norte alguns arbustos indígenas, os quais plantara em um formoso jardim que possui na cidade da Horta, próximo ao qual tinha um rico pomar de laranjeiras e árvores frutíferas. Em um daqueles arbustos americanos dizem que se observara nas folhas grande número de bichinhos que o não deixavam medrar, mas quando se deu por este estado morboso, já os insetos tinham passado para uma grande parte das laranjeiras […] na folhagem, afetava igualmente a cada de todos os ramos de árvores que ele apinhoadamente cobria, e assim lhe dava em pouco tempo a morte.
Eis a resumida história da introdução e propagação do tal inseto, devorista das laranjeiras, que nos deram as pessoas mais inteligentes que tem vindo da ilha do Faial, que todos lamentam, assim como nós, a destruição de todos os pomares de espinho […]
Por não ter mais laranjeiras que devastar, passou livremente para as outras árvores e plantas frutíferas, preferindo aquela que tem uma folhagem mais lisa e permanente para melhor poder largar os ovos e desenvolvê-los. […]
Sendo o inseto natural da América, não duvidamos de que ali seja bem conhecido dos zoologistas, ainda que podemos também presumir que por influência do clima ele se tornasse aos Açores mais prolífico e devastador do que na América […]
O prejuízo que este inseto tem causado na ilha do Faial, é na verdade incalculável […] Consta-nos que o sr. Delegado do Conselho de Saúde Publica do Reino já oficiara à Ilmª. Câmara, ao sr. Administrador da Alfândega para que da ilha do Faial se não recebam arbustos ou plantas, bem como as lenhas que daquela ilha possam vir aqui vender. Prevenir o mal é um procedimento mais judicioso do que vê-lo progredir, e sem haver remedio que lhe dar.
Nós desejaríamos que o Sr. Governador Civil da Horta se não esquecesse de enviar para Lisboa algumas folhas das árvores infecionadas com os tais insetos, para serem vistas e examinadas pelos mais inteligentes zoologistas […] para se evitar a sua introdução no Reino, o que seria uma calamidade com que já contamos aqui, se não houver toda a vigilância dos empregados que fiscalizarão a introdução de barcos que vem daquela para esta ilha.
O sr. Dabney, cônsul americano, tão digno de respeito pela sua filantropia, como pela solicitude que tem sempre patenteado em introduzir árvores e plantas exóticas, com que tanto tem enriquecido os pomares e jardins dos Açores, dizem-nos que recebera da América do Norte alguns arbustos indígenas, os quais plantara em um formoso jardim que possui na cidade da Horta, próximo ao qual tinha um rico pomar de laranjeiras e árvores frutíferas. Em um daqueles arbustos americanos dizem que se observara nas folhas grande número de bichinhos que o não deixavam medrar, mas quando se deu por este estado morboso, já os insetos tinham passado para uma grande parte das laranjeiras […] na folhagem, afetava igualmente a cada de todos os ramos de árvores que ele apinhoadamente cobria, e assim lhe dava em pouco tempo a morte.
Eis a resumida história da introdução e propagação do tal inseto, devorista das laranjeiras, que nos deram as pessoas mais inteligentes que tem vindo da ilha do Faial, que todos lamentam, assim como nós, a destruição de todos os pomares de espinho […]
Por não ter mais laranjeiras que devastar, passou livremente para as outras árvores e plantas frutíferas, preferindo aquela que tem uma folhagem mais lisa e permanente para melhor poder largar os ovos e desenvolvê-los. […]
Sendo o inseto natural da América, não duvidamos de que ali seja bem conhecido dos zoologistas, ainda que podemos também presumir que por influência do clima ele se tornasse aos Açores mais prolífico e devastador do que na América […]
O prejuízo que este inseto tem causado na ilha do Faial, é na verdade incalculável […] Consta-nos que o sr. Delegado do Conselho de Saúde Publica do Reino já oficiara à Ilmª. Câmara, ao sr. Administrador da Alfândega para que da ilha do Faial se não recebam arbustos ou plantas, bem como as lenhas que daquela ilha possam vir aqui vender. Prevenir o mal é um procedimento mais judicioso do que vê-lo progredir, e sem haver remedio que lhe dar.
Nós desejaríamos que o Sr. Governador Civil da Horta se não esquecesse de enviar para Lisboa algumas folhas das árvores infecionadas com os tais insetos, para serem vistas e examinadas pelos mais inteligentes zoologistas […] para se evitar a sua introdução no Reino, o que seria uma calamidade com que já contamos aqui, se não houver toda a vigilância dos empregados que fiscalizarão a introdução de barcos que vem daquela para esta ilha.
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Colecção
Citação
s/ autor
, “O devorista das laranjeiras no Faial”. In O Angrense, nº 345, p. 2, 18-05-1843. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 26 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/63.