Pragas nos Periódicos

S/título

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Título

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Criador

Manuel Correia d'Ávila

Fonte

O Angrense, nº 673, pp. 3-4.

Data

28-02-1850

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

Text Item Type Metadata

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Ilmº. sr. – Tendo remetido para a ilha de S. Miguel uma das primeiras laranjas julgadas afetadas pelo Coccus Hesperidum encontrada no pomar do cidadão Manoel Gonçalves Fagundes, e tendo pedido não só um perfeito desengano sobre a natureza do inseto de que se achava coberta aquela laranja, mas também qual o tratamento adotado naquela ilha com conhecido aproveitamento para a extinção do mesmo Coccus; obtive do exmº Barão de Fonte Bela os inclusos esclarecimentos que remeto a v. s. para que servindo e levá-los ao conhecimento da respetiva comissão, de que v. s. é digno presidente, esta os tome na devida consideração a fim de providenciar quanto julgar conveniente a semelhante respeito, visto supor-se estar ainda pouco propagado felizmente nesta ilha tão terrível flagelo. […]

Cópia do art.ª da carta do exmª. Barão de Fonte Bela, dirigida a Manuel Joaquim dos Reis em 23 de Janeiro de 1850
Sinto dizer-lhe, em vista da laranja que me remeteu, que existe nesta ilha o maldito bicho, que já o tem há tempos, pois que para aparecer na fruta é evidente havê-lo em quantidade nas árvores. – Nesta ilha as quintas da cidade que foram primeiro atacadas, e não tratadas estão na maior parte perdidas, e muitas já arrancadas: nos lugares próximos á herdade e por todo lado sul até Vila Franca, tem ele aparecendo em mais ou menos quantidade, e sou da opinião que ele existe nas quintas ao lado do norte, porém sendo ainda me menor quantidade, os proprietários procuraram ocultá-lo por conservarem o valor dos prédios. – Quanto ao tratamento, incluso tem vm. uma nota do que se tem feito, e por experiência própria acrescento que hoje estou persuadido não ser possível extingui-lo, em apenas se consegue diminuir a quantidade, e atrasar o desenvolvimento.
Na quinta desta casa tenho feito um contínuo e dispendioso tratamento, e talvez tenha de desistir e mandar cultivar batatas. – Nas quintas d’Arquinha, Rasto de Cão, e Atalhada, a que se acudiu no principio, tenho conseguido que não aumente, hoje porém que principia a aparecer nas quintas do Botelho, creio que não poderei ter a precisa gente para o tratamento, pois que com os ranchos da comissão estabelecida pelo governo nada se faz, sendo mais um verdadeiro tributo que impuserem à malfadada laranja. – Cruel castigo para os Açorianos, não bastava o baixo preço dos cereais e vinho!

Coccus hesperium em S. Miguel
Dar como certa ou assinar a verdadeira causal da existência do Coccus, ou conchinila das laranjeiras, nesta ilha, é impossível.
A causa que a algumas pessoas parece provável, a outras parece destituída de fundamento: aquele persuadidos que o Coccus foi aqui importado em uma porção de caixas de laranjas vidas do Faial, e que alguns dias, até ser vendida ao povo desta ilha, esteve na ex-igreja de S. José, presumem, que destas caixas é que se espalhou o fatal inseto, e provam o seu argumento com o primeiro encontro do Coccus, 2 ou 3 anos depois nos laranjais próximos à dita ex-igreja: outros que contestam este princípio, posto convenham na rápida comunicação do Coccus, dumas às outras árvores, especialmente laranjeiras, contudo atribuem a causal à influência da atmosfera e à lepra peculiar das laranjeiras, tanto mais suscetível de aparecer, quanto maior for o trato, agasalho, e extraordinária produção de tal ou tal ramo de árvore; provam esta sua asserção com escritos da antiguidade, e entre outros fenómenos, com a frequente aparição, hoje nas limeiras da Pérsia, ou laranja branca, que todo o ano produz, e em grande quantidade.
Seja porém qual for o causal, o facto é, que o Coccus tem aparecido, e vai aparecendo em quási todos os laranjais desta ilha, em umas partes mais, em outras menos, achando-se a costa do sul, e mormente a oeste da cidade, de tal sorte infecionado, que muitos proprietários, julgando balfadadas todas as suas diligências para extinguir o mal, tem arrancado as suas quintas.

Remédio
O remédio essencial para a destruição da Coccus, recomendado por escritores antigos e modernos, a tal respeito, e que a experiência tem verificado ser profícuo é a aplicação dos oleosos nas árvores afetadas daquele inseto.
As comissões encarregadas deste tratamento, depois de vários ensaios e alguns com bastante desaproveito, estão usando das aspersões de águas sabonáceas, isto é, sabão mole, ou graixos já preparados na América para este fim, a que ajuntam uma razoável porção de água; este líquido é levado às árvores por meio de bombas que se tem mandado vir de Inglaterra, sendo os troncos lavados a pincel com a mesma preparação […]

Ficheiros

Colecção

Citação

Manuel Correia d'Ávila, “S/título”. In O Angrense, nº 673, pp. 3-4. , 28-02-1850. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 28 de Novembro de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/73.

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