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ACTUALIDADES
O mal das oliveiras

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Título

ACTUALIDADES
O mal das oliveiras

Criador

S/autor

Fonte

O Elvense, 21º Ano, nº 2024, p. 1.

Data

05-07-1900

Colaborador

Leonardo Aboim Pires

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Manifestou-se há tempos em alguns ramos de olival, nos sítios de Vila Boim e Calçadinha, deste concelho, uma nova doença nas oliveiras atacando as espécies conhecidas por galega e redondil.

Alarmada pelas terríveis consequências que podia trazer para a região o definhamento de uma das maiores riquezas do concelho, a ex.ma câmara municipal telegrafou imediatamente ao sr. ministro das obras públicas do gabinete transato e ao nosso solicito e dedicado representante em cortes pedindo a intervenção dos poderes públicos para o reconhecimento do novo mal e para o seu eficaz combate.

O ilustre deputado por Elvas, o nosso prezado amigo comendador Eusébio Nunes, solicitou logo do governo as precisas providências; e o resultado de suas instâncias foi o virem aqui alguns peritos técnicos para observar o mal.
Noticiámos em tempo a visita e até prometemos publicar o resultado dos estudos sobre aquele assunto.

Mas tivemos de ficar com a promessa. E para os nossos leitores que não acusem de descuidados ou de ligarmos pouca importância a um assunto de tamanha magnitude, voltamos hoje ocupar-nos do novo mal das oliveiras.
Segundo informações de pessoa eminentemente prática no assunto e que observou estragos feitos nos olivais de Abrantes por esta nova doença, e acatando a opinião de um cavalheiro que, tendo estudado a questão com amor, não fez monopólio do que pode averiguar, o novo mal é devido à ação de um parasita, classificado com o nome de Illexinus-ollea-perda, que furando a casaca das pernadas tenras das oliveiras se introduz nos troncos, dando lugar a que a seiva vivificante se perca saindo pelos furos feitos nas casca da pernadas. Efetivamente, nas árvores atacadas, vê-se que são os ramos altos e mais novos que secam.

O mal porém não é absolutamente novo, sendo conhecido já há anos em outras regiões.

Ora o remédio indicado é, sem contestação alguma, o corte imediato das pernadas em que o parasita tenha feito invasão; mas não será profícuo este meio senão for adotado por todos os proprietários em que o mal se manifestar e logo em seguida ao aparecimento dele. Doutra forma de nada serviria porque bastava que a algumas árvores atacadas não fossem cortados os ramos onde o parasita se tivesse introduzido para que o mal continuasse a propagar-se.

Na impossibilidade dos lavradores e proprietários de olivais poderem vigiar assiduamente o arvoredo, parece-nos que essa vigilância deveria ser estabelecida pela comissão dos pastos dos olivais, cujo silêncio – seja-nos permitido dizê-lo com toda a franqueza – muito nos admira nesta ocasião.
Como os leitores veem, da nossa parte há maior desejo de concorrer para o combate da doença que ameaça as oliveiras desta região e tantos estragos tem já feito em outros pontos do país.

Mas ao nosso desejo não corresponde a ação oficial, que se limitou a colher algumas pernadas secas de árvores atacadas da doença e levá-las para estudo que, segundo o maldito sistema do nosso país, só estarão concluídos quando já não sirva o seu resultado para cousa alguma, em razão de não estar bem conhecido por todos os lavradores esse mal e a maneira de o combater.

A digníssima comissão dos pastos e olivais ousamos pedir a sua esclarecida atenção para este assunto de largo alcance para o concelho de Elvas, esperando que, por não ser instituição de carácter puramente oficial, quererá atender as nossas modestas palavras, ditadas pela minha vontade de servir bem os interesses da nossa terra.

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Citação

S/autor, “ACTUALIDADES
O mal das oliveiras
”. In O Elvense, 21º Ano, nº 2024, p. 1., 05-07-1900. Disponibilizado por: Pragas nos Periódicos, acedido 18 de Julho de 2024, http://fcsh.unl.pt/pragasnosperiodicos/items/show/783.

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