Situação vitícola e vinícola (JUNHO)

Situação vitícola e vinícola (JUNHO)

S/autor

O Elvense, 21º Ano, nº 2024, p. 2.

05-07-1900

Leonardo Aboim Pires

Começa a aquecer o tempo, depois de muitas irregularidades climatológicas. Todavia a fecundação da vinha faz-se regularmente, sem desavinho notável. Teremos pois, se circunstâncias prejudiciais não ocorrerem, uma colheita abundante.
As cepas ostentam boa vegetação, e as doenças criptogâmicas e os parasitas animais não têm produzido estragos sensíveis. O míldio, nalgumas localidades mais quentes e mais húmidas, tem invadido com certa intensidade, mas os tratamentos cúpricos, e especialmente o caldo bordalês têm conseguido sustar o desenvolvimento do mal. Não há, por ora, prejuízos a lamentar.
Os lavradores terminam as cavas começam as redras, tratam do míldio e aplicam o enxofre e a cal contra a antracnose, que este ano invade com certa intensidade, devido à extrema humidade da primavera. […] as enxofrações contra o oídio são também operações culturais desta época; e a visita dos enxertos para o corte das raízes dos garfos deve merecer o cuidado especial dos viticultores. Temos ouvido mencionar alguns desastres devido à falta de cortes das raízes. Nós temos sempre, aqui, insistido na indispensabilidade deste trabalho, pois, se uma cepa se habitua a viver à custa das raízes do garfo, quando, mais tarde, essas raízes são invadidas pela filoxera, ou elas se cortam, a cepa definha e morre inevitavelmente. […]

(D’A Vinha Portuguesa)